sábado, 17 de abril de 2010

Após cinco anos sem fazer novelas, Tarcísio Filho comemora retorno em 'Malhação ID'



Apesar de ser da velha guarda, Tarcísio Filho esbanja a mesma energia que caracteriza o elenco jovem de Malhação ID. Sempre sorridente e com disposição de sobra evidente no entusiasmo que revela ao se preparar para gravar , o ator paulistano de 45 anos fala com satisfação de Paulo Roberto, seu personagem na novela adolescente. Na trama, ele vive um sério empresário que luta para colocar na linha o filho, o mimado protagonista Bernardo, interpretado por Fiuk. Após cinco anos sem fazer uma novela do início ao fim a última foi Chocolate com Pimenta, exibida em 2004 , o papel marca o retorno de Tarcísio aos folhetins. Mas fazer uma novelinha adolescente, ao contrário do que ele imaginava, não chega a representar um contato mais próximo com o público jovem. Não sei se é por causa da minha idade, mas a galera não vem falar comigo. Acho isso muito curioso, estranha.

Tarcísio confessa que, quando recebeu o convite do diretor Mário Márcio Bandarra, imaginou que o personagem fosse tomar rumo diferente. Isso porque, no início da novela, a corrupção foi apresentada como um dos assuntos polêmicos da temporada. O tema, que seria tratado a partir de ligações obscuras de Paulo Roberto em sua empresa, acabou não se desenvolvendo. Algumas características da proposta original se perderam. De qualquer forma, eu sirvo a uma função muito específica na história, que é ser pai, desconversa.

Apesar de empolgado com a oportunidade de voltar às novelas, Tarcísio não esconde sua preferência por atuar em minisséries. E foi nesse tipo de produção que fez seus papéis de mais destaque nos últimos anos, como o General Neto de A Casa das Sete Mulheres, o jornalista Orlando Lopes de Amazônia, de Galvez a Chico Mendes e o médico Rui em Queridos Amigos. Acho uma delícia fazer minissérie. Sem dúvida, foram meus papéis mais marcantes. Nem sinto falta de personagens contemporâneos, derrete-se.

O ator, no entanto, lamenta que as minisséries já não tenham a mesma qualidade de antigamente. Para ele, as produções estão cada vez mais mecânicas e deixaram de ser um exercício criativo por parte dos diretores. Virou um esquema absolutamente industrial, critica. Com 30 anos de carreira e passagens pela Manchete, SBT, Band e Globo, Tarcísio deixa claro que não está preso a lugar nenhum. Vou para onde me chamam, para personagens legais. Quem não produz, só aceita propostas, avisa.

Sem formação teatral, Tarcísio é enfático ao afirmar que a tevê e o cinema são suas grandes paixões. O interesse pelos estúdios surgiu aos 15 anos, quando ele fazia um estágio na área técnica da Globo, que durou dois anos. E ele garante que o envolvimento com a carreira de ator não foi influência de seus pais, os atores Tarcísio Meira e Glória Menezes. Tudo começou quando ele resolveu expandir seus conhecimentos da área técnica para trabalhar também como ator, de forma a aprender sobre outro lado. Só que eu comecei a gostar do negócio, fui ficando e estou até hoje, conta.

Mergulho no passado

Tarcísio considera que viveu um dos personagens mais interessantes de sua carreira na novela Kananga do Japão, exibida pela Manchete em 1989. A trama criada por Adolpho Bloch, fundador da extinta emissora, retratava os anos 20 e 30 no Rio de Janeiro, quando ele emigrou. Na história, Tarcísio interpretava Júlio, um jovem comunista que morria torturado por Filinto Müller, chefe de Polícia do Rio de Janeiro. Foi uma preparação muito bacana e também muito difícil. O trabalho exigiu um cuidado minucioso porque a novela foi extremamente fidedigna ao que acontecia na época, explica.

Para imprimir mais verossimilhanças às cenas, Tarcísio lembra que, na época, ele e um grupo de jovens atores foram até a casa de Luis Carlos Prestes e passaram o dia conversando com ele, oito meses antes de sua morte. O único arrependimento do ator foi não ter tido coragem de pedir um autógrafo ao militante. Mas valeu a pena só por ter conversado com o Prestes. Ele tinha uma memória impressionante. Ficou das 10 da manhã às cinco da tarde contando histórias sem parar, impressiona-se.

Instantâneas

# A primeira minissérie da carreira de Tarcísio foi Escrava Anastácia, exibida pela Manchete em 1990. Na história, ele interpretava o feitor Arcanjo Fluentes, que se apaixonava pela escrava Anastácia.

# Tarcísio saiu da Globo em 1994 para viver o Alfredo na novela Éramos Seis, exibida no mesmo ano no SBT. Nos anos seguintes, ele fez mais duas novelas na emissora: Sangue do meu Sangue e Os Ossos do Barão.

# Em Queridos Amigos, minissérie exibida pela Globo em 2008, Tarcísio, intérprete do médico Rui, costumava dizer à diretora Denise Saraceni que não precisava fazer laboratórios, já que a história se passava no começo da década de 80. Lembro perfeitamente dessa época, mas a Denise adorava fazer laboratórios. Era engraçado, recorda.

# Tarcísio já atuou em oito longas-metragens. No primeiro deles, aos oito anos de idade, o ator viveu o infante D. Pedro I em Independência ou Morte, em 1972.

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