Um dos nomes de maior sucesso do rock brasileiro- teen atual, o NX Zero abre o disco com "Um certo alguém", clássico de Lulu Santos. Dá uma saudade da original... A interpretação tem aquele falso peso das bandas emo e uma interpretação muito afetada do cantor Di Ferrero. Outro defeito é comum a muitas das canções do CD: não tinha uma musiquinha menos óbvia, não? Assim são "Meu erro", dos Chimarruts (quase igual à original, mas piorzinha), "Lanterna dos afogados", do Fresno (já foi muito bem gravada por Paralamas e Gal Costa, fica difícil acrescentar algo) e "Apenas mais uma de amor", mais um golaço de Lulu. A balada fica aguada pela interpretação de Myllena, com participação de Emmerson Nogueira (lembra dele?). E o Planeta Óbvio vai adiante: "Me chama" precisava mesmo de mais uma gravação (que parece a de Marina Lima, mas, novamente, é pior)? Não, Babi, não precisava. Fiquemos com a de Lobão. E "Fui eu"? As Ruanitas resolveram (ou alguém resolveu por elas) gravar exatamente uma rara música que estourou com um grupo feminino, o Sempre Livre. Resultado: vem à cabeça a voz de Dulce Quental (cantora do SL, meninos; anotem), e fica claro que a versão boa mesmo é a dos Paralamas.
Chega-se, assim, ao grupo das bandas que tentaram mudar algo nas canções mas não tiveram bom resultado: o Hevo 84 pegou "Rádio pirata", do RPM, e deu a ela uma linha de guitarra criativa. Ponto pra eles. No entanto, a banda acaba caindo no problemo da falsa agressividade, dando saudades do RPM. O Marauê também tenta, ralentando "Sonífera ilha", dos Titãs, mas fracassa. O tal Bonde da Stronda assassina a divertida (e bem lembrada) "Tic tic nervoso".
Mas vamos ao que interessa: o Seu Cuca manda bem em "Perdidos na selva", com a versão festiva que a música merece; o Hori arrebenta em "Só você", que aliás, nada tem a ver com o rock brasileiro dos anos 80. É uma boa música, de Vinícius Cantuária, regravada nos anos 1990 por Fábio Jr.
O simpático Dibob pega emprestada da Blitz "Geme geme", e a regrava com respeito e criatividade; a bonitinha Jullie é um dos destaques do disco: sua "Tudo pode mudar", sucesso do grupo Metrô, é uma delícia, atualizando sem pretensão a sonoridade da época. Como regravar "Ciúme", do Ultraje a Rigor? É simples: 1, 2, 3, 4 e foi. Rock é rock mesmo, e o Catch Side sabe disso.
Fora do (suposto) critério, mas mesmo assim, boas: "Jorge Maravilha" ("Você não gosta de mim mas sua filha gosta"), de Chico Buarque, ganha versão excelente do Playmobille; "A fórmula do amor", gravada pelo veterano Jammil, fica ótima com os elementos certos de rock e reggae.
Altos ou baixos, o importante é que música boa é música boa, e, ouvindo música boa, nossas jovens bandas vão longe.
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